sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Razões para o Inexplicável

Enquanto continuamos a viver o martírio da época 2010-2011, vamos pensando como foi possível passarmos do Céu ao Inferno em apenas alguns meses.

Todos apontamos razões, todos temos opinião, todos… somos Benfica!

As minhas razões para o que se está a passar este ano são:

1. Falta de rigor e profissionalismo na estrutura do futebol e no próprio Clube

No Benfica, deixámos de viver para a continuidade de sucessos, para a Glória. Ao vencermos um título, deixamos de pensar no próximo e vivemos momentos “demasiado longos” a saborear o título conquistado.

Um título de 5 em 5 anos não é, nem pode nunca ser, o objectivo do Benfica. Os profissionais do Clube têm que conhecer as aspirações, desejos e objectivos de quem construiu e constrói o Clube, ou seja, das antigas glórias e dos sócios.

O rigor e profissionalismo não são apenas exigíveis aos jogadores e técnicos que se contratam. O rigor e profissionalismo devem estar presentes nos discursos que se fazem, nas conferências de imprensa, nos comunicados, nos processos de contratação, nos apoios que se dão a certos organismos, em tudo.

É necessário rigor, profissionalismo e humildade para sabermos que não temos competência para gerirmos algumas áreas. Deixar o futebol a quem realmente percebe de futebol e para quem tenha um ideal de futebol para o clube será uma das medidas mais acertadas que pode tomar um Presidente do Benfica.

2. Demasiados Interesses extra-Benfica

A História do nosso Clube foi construída sobre os alicerces da verdade, da transparência, da determinação, da honra e da coragem. Estas podem parecer apenas palavras, mas deveriam ser valores vividos e alimentados todos os dias dentro do Clube. Só assim será possível passar a todos os atletas.

Ora, ao vermos negócios “estranhos” com o Atlético de Madrid (comprar um guarda-redes por 8,5 M€ quando em Espanha se dizia que o Zaragoza iria comprar o Roberto por 2M€), com o Real Madrid (venda de Di Maria e compras de Rodrigo e Alípio mal explicadas) e com outras entidades, começamos a colocar em questão os valores morais de quem pratica tais acções. Não se deve confundir o segredo dos negócios com obscurantismo.

3. Excesso de Protagonismo e Vaidade

A direcção do Sport Lisboa e Benfica deveria consciencializar-se que obterá muito mais protagonismo com as sucessivas vitórias do Benfica do que com “jogadas estranhas”. Os sócios do Sport Lisboa e Benfica deveriam, também, colocar em primeiro lugar os interesses do Clube. E quais são os interesses do Clube? A conquista honesta de títulos nacionais e internacionais.

Tudo o que é desenvolvido no Benfica deve ter como objectivo final o interesse acima descrito.

Para que serve a Benfica TV? Para a conquista honesta de títulos nacionais e internacionais.

Para que serve o apoio a um futuro Presidente da FPF? Para a conquista honesta de títulos nacionais e internacionais.

Com a conquista de títulos vem a fama, vêm os lucros, vêm mais adeptos, vem a potencialização ao máximo da marca Benfica.

Para atingirmos o nosso objectivo, temos que implementar uma estratégia, temos que recrutar os melhores recursos, temos que ser duros e exigentes e, acima de tudo, temos que colocar o Benfica acima de qualquer outro interesse.

4. Perceber o Futebol Português

É necessário que quem trabalha no Sport Lisboa e Benfica perceba o que representa o Clube em Portugal (e no Mundo), o que representa uma vitória ou uma derrota, o que representa a insígnia “E Pluribus Unum”.

Mas, também é preciso perceber, o que representam Joaquim Oliveira, Pinto da Costa, Fernando Gomes, Gilberto Madaíl, etc.

É preciso compreender as alianças e os medos que gerem os clubes nacionais, os árbitros, os meios de comunicação social, etc.

Nos anos 60, 70 e 80 do século passado, o Benfica era respeitado por todos os seus adversários (excepto o FCP de Pedroto e Pinto da Costa).

Neste momento o Benfica é “odiado” por muitos adeptos dos mais variados clubes. Temos que ser capazes de dar a volta a esta situação, uma vez que o respeito era algo que funcionava a nosso favor, enquanto o “ódio” é algo que nos enfraquece e que destrói o futebol português.

Dar-se ao respeito! Ninguém pode ser respeitado se não se der ao respeito. Numa época complicada e com tantos contra-tempos não podemos ir a Angola em Novembro. “Ah, mas a viagem já estava programada desde o Verão e recebemos bastante dinheiro!”. O Benfica é, acima de tudo, um clube desportivo! Tudo no clube deve girar em torno do desporto e do sucesso desportivo. Digressões a Angola? Claro que sim, mas em Maio, Junho ou Julho.

O que significa perceber o futebol português? Significa perceber como se “fabricam” os campeões. A fase mais importante da época do Benfica deve ser, sempre, o início da mesma. O Benfica tem que fazer tudo por tudo para conseguir nas primeiras 10 jornadas ganhar 9 jogos. Assim, a Comunicação Social, começa a “criar” a ideia de que somos os grandes candidatos. Assim, os adversários começam a temer-nos e os árbitros têm muito mais dificuldade em “dificultar a vida” a uma equipa vencedora.

Perceber o futebol português também significa compreender que as palavras e os actos são muito importantes. Assim, deveremos ser profissionais ao ponto de saber sempre o impacto das nossas palavras e acções, assim como deveremos sempre saber o que responder.

5. Valores Humanos

O Benfica tem que voltar a ser o clube de José Águas, Mário Coluna, Toni, Humberto Coelho, Rui Costa, Fezas Vital, Vieira de Brito e Jorge de Brito e tem que deixar de ser o clube de Vale e Azevedo, Bibi, etc.

O Benfica tem que saber respeitar os outros. Tem que ser culto. Humano. Honrado. Inteligente. Humilde.

O Benfica é feito de momentos como o de Toni a pedir para sair de campo quando se apercebeu que tinha partido a perna a um adversário (jogador do Porto) e não pode ser feito de momentos como o de Jorge Jesus a mostrar 4 dedos ao treinador adversário.



Quando digo “O Benfica”, não me refiro a presidente, direcção, treinador e jogadores. “O Benfica” é feito por cada um de nós, por isso, cada um de nós deveria compreender um pouco melhor a nossa Mística e perceber que o Benfica é muito maior que cada um de nós, mas é constituído pelos actos e acções de todos nós. E Pluribus Unum. Viva o Benfica!

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